sexta-feira, 19 de março de 2010

Pai



Hoje meu pai vira e pergunta: "Como foi o primeiro dia de trabalho depois das férias?" Eu respondo: "Um inferno, aquele lugar é infernal, insuportável..."
[Ok, não foi tão horrível assim, eu revi pessoas que eu gosto, algumas que gosto muito, e percebi que a única coisa que torna aquilo suportável são as amizades.]
Ele revida com a maior calma do mundo: "A gente nasceu para ser feliz e temos que buscar a felicidade em todas as coisas que fazemos...A felicidade é consequência dos nossos atos."

Queria pensar assim.....

Admiro muito meu pai, apesar de não falar nada.
Nós quase nunca nos falamos, a maioria das vezes em que eu escuto a sua voz é quando ele lê algum trecho dos livros que ele gosta...(e olha que ele muito, diariamente, antes do jantar, antes de dormir...)

Sinto falta de ter um contato mais próximo, de conversar mais, saber mais...Mas nunca tivemos muitas intimidades. Quando eu era criança eu o via muito pouco, pois ele trabalhava muito e continua trabalhando.

Ele tem 57 anos, vive tendo crises alérgicas, dores nas costas, acorda todos os dias antes das 5 da manhã, trabalha 9 horas por dia, não tem horário de almoço, não tem folga semanalmente, se desdobra entre o trabalho, os cuidados com a esposa doente e etc.
E apesar de tudo isso, eu nunca o ouvi reclamar, uma vírgula sequer, sobre nada... Sei quando ele está mal, quando seu copo está quase transbordando...Quando isso acontece ele fala, fala, fala...e fala sobre tudo, nunca em tom de reclamação.

Se eu fosse apenas 10% do que ele é e do que ele representa para mim, seria com certeza uma pessoa mais feliz.

Estou tentando absorver a sabedoria dele e seguir seus conselhos: "A gente nasceu pra ser feliz...."

Mas às vezes é tão difícil.................

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